30/07/2025 - 09h46m
Preços do açúcar seguem firmes com oferta restritas . Charbel Felipe
Açúcar: preços firmes com as restrições na oferta
Em São Paulo, os preços médios do açúcar cristal negociados no mercado spot seguem firmes, variando de R$ 119,00 a R$ 121,00 por saca de 60 Kg. A média do Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar cristal branco (cor Icumsa de 130 a 180, estado de São Paulo) é de R$ 120,31 por saca de 50 Kg, alta de 1,29% nos últimos sete dias (R$ 118,77 por saca de 50 Kg). O mercado spot não tem registrado ofertas volumosas de açúcar, especialmente do tipo de melhor qualidade (Icumsa até 180). Esse cenário tem ajudado as usinas a se manterem firmes os preços pedidos pelo cristal na pronta-entrega, mesmo com compradores sinalizando que as vendas para o varejo (consumidor final) seguem fracas.
Apesar de a demanda ainda não ter mostrado sinais de aquecimento, a liquidez apresenta leve melhora nos últimos dias. De acordo com dados levantados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), de abril (início da atual safra 2025/2026) até o final de junho, as usinas de São Paulo produziram 7,792 milhões de toneladas de açúcar, volume 18,66% menor que o do mesmo período da temporada anterior. De acordo com informações da Bloomberg, as chuvas de monções na Índia devem elevar a produtividade dos canaviais do país na próxima temporada global (2025/2026), que começa em outubro.
No Brasil, a colheita de cana-de-açúcar na Região Centro-Sul segue em ritmo acelerado, impulsionada pelo longo período de estiagem. Segundo estimativas da consultoria Covrig Analytics, 54% da cana-de-açúcar colhida na primeira quinzena de julho de 2025 foi destinada à produção de açúcar, o que poderá adicionar 3,2 milhões de toneladas do produto ao mercado. Apesar desse aumento na oferta, projeções de menor produção na safra 2025/2026 na Região Centro-Sul podem ter dado algum suporte aos preços globais.
A SCA do Brasil projeta colheita de 581 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, enquanto a Archer Consulting estima 588,5 milhões de toneladas para a mesma região. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio e Charbel Felipe
Açúcar: petróleo e dólar impulsionam preços futuros
Os contratos futuros de açúcar demerara fecharam em alta nesta terça-feira (29/07) na Bolsa de Nova York. O contrato com vencimento em outubro/2025 subiu 16 pontos (0,97%), e fechou a 16,59 centavos de dólar por libra-peso. Os preços foram impulsionados pelo avanço do petróleo, o que melhora a competitividade relativa do etanol. Além disso, o dólar desvalorizado ante o Real deu suporte. Sinais de que a recente queda dos preços, para mínimas de quatro anos, provocou uma retomada da demanda também foram positivos. Destaque para a disparada de importações chinesas em junho, que subiram mais 1400% ante junho de 2024, somando 420 mil toneladas.
Além disso, a Coca-Cola também utilizará açúcar de cana-de-açúcar para suas bebidas nos Estados Unidos, além do xarope de milho. Com baixa liquidez típica de julho, agravada pelo período de férias no Hemisfério Norte, e fundamentos que ainda não apontam claramente para uma virada altista ou baixista, os preços devem seguir sendo influenciados pelos dados da safra brasileira e pelas expectativas de importação da Ásia. O mercado segue confuso, com fundamentos mistos e forte influência dos ativos externos. O açúcar ainda não encontrou uma direção clara e permanece travado entre os 16,00 e 17,00 centavos de dólar por libra-peso.