16/06/2025 - 09h54m
Preços da soja sustentados no mercado doméstico
Preços da soja sustentados no mercado doméstico
Mesmo em um ambiente de oferta abundante, os preços da soja em grão estão firmes no mercado brasileiro, sustentados pela demanda externa aquecida. Os valores do farelo e do óleo de soja estão em queda. Esse cenário tem reduzido a margem das indústrias esmagadoras. Tendo-se como base os valores da soja em grão, do óleo e do farelo no estado de São Paulo, a queda nos últimos sete dias é de 8,35% na “crush margin”, passando para R$ 370,24 por tonelada. O retorno financeiro das indústrias esmagadoras em relação ao custo da soja foi de 18,3% no dia 12 de junho, contra 19,9% no dia 5 de junho, e 24,7% em período equivalente de 2024. A desvalorização do óleo de soja está atrelada à baixa procura interna, sobretudo por parte do setor de biodiesel. Vale lembrar que, no início deste ano, indústrias esmagadoras esperavam um aumento na demanda por óleo de soja, fundamentadas nas expectativas de ajuste de 14% para 15% na mistura obrigatória do biodiesel ao óleo diesel. No entanto, a mistura se manteve em 14%, desestimulando as negociações envolvendo óleo de soja no mercado regional.
Na parcial deste mês, o preço médio do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) é o mais baixo desde junho do ano passado, em termos reais (IGP-DI, de maio/2025). Nos últimos sete dias, especificamente, a queda é de 0,7%, a R$ 6.275,08 por tonelada. É importante destacar que a retomada da guerra no Oriente Médio tende a elevar o preço do petróleo e, consequentemente, os do óleo de soja, o que pode favorecer a margem das indústrias nas próximas semanas. Quanto ao farelo de soja, as baixas na parcial deste mês são ainda mais intensas. Das 32 regiões acompanhadas, 16 registram os menores preços desde setembro/2017, em termos reais. Nos últimos sete dias, a desvalorização do farelo é de 0,9%. Diante da menor demanda interna por derivados de soja, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu a projeção de esmagamento da oleaginosa no Brasil em 1,6% frente ao estimado no relatório passado. Ainda assim, o processamento do grão deve alcançar volume recorde, de 56,15 milhões de toneladas nesta safra.
As vendas de óleo de soja no mercado nacional são projetadas em 9,69 milhões de toneladas, 2,7% abaixo das apontadas no relatório anterior. As exportações, por outro lado, seguem projetadas em 1,4 milhão de toneladas para o óleo e em 23,6 milhões de toneladas para o farelo. Diante da produtividade elevada no Brasil, a Conab reajustou a produção nacional de soja da safra 2024/2025 para 169,6 milhões de toneladas, 0,75% a mais que o estimado em maio e um recorde. O volume indicado é similar às 169 milhões de toneladas projetadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Diante disso, o Brasil é responsável por produzir mais de 40% da safra mundial de soja de 2024/2025, estimada pelo USDA em 420,77 milhões de toneladas. Para a temporada 2025/26, a projeção é que o Brasil seja responsável por 41% da safra mundial, estimada em 426,82 milhões de toneladas. Os Estados Unidos devem produzir 27,7% (118,11 milhões de toneladas) da safra global 2025/26. O clima segue favorecendo, e, até 8 de junho, a semeadura da temporada 2025/26 nos Estados Unidos somava 90% da área estimada, de acordo com o USDA.
Para a Argentina, o USDA projeta colheita de 49 milhões de toneladas na temporada 2024/2025, levemente abaixo da mais recente estimativa da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, que reajustou a produção de 50 milhões de toneladas para 50,3 milhões de toneladas. O ajuste positivo foi motivado pelas chuvas favoráveis registradas durante o período crítico de desenvolvimento das lavouras, que fizeram com que a produtividade ficasse acima do inicialmente previsto. Até o dia 11 de junho, 92,3% da área argentina havia sido colhida. Do lado da demanda, estimativas do USDA indicam que a China deve importar 108 milhões de toneladas na temporada 2024/2025 (de outubro/2024 a setembro/2025), abaixo das 112 milhões de toneladas adquiridas na safra anterior. Para 2025/2026, as expectativas são de que a China importe 112 milhões de toneladas da oleaginosa. Vale ressaltar que o avanço no acordo comercial entre os Estados Unidos e a China pode beneficiar as negociações entre os dois países.
Ainda assim, as exportações dos Estados Unidos são projetadas em 49,4 milhões de toneladas em 2025/2026 (de setembro/2025 a agosto/2026), abaixo das 50,35 milhões de toneladas na safra 2024/2025 (que se encerra em agosto deste ano). O Brasil deve seguir liderando os embarques de soja, passando de 104,5 milhões de toneladas na safra 2024/2025 (de outubro/2024 a setembro/2025) para 112 milhões de toneladas na próxima temporada. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 0,2%, cotado a R$ 134,26 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 0,6% nos últimos sete dias, a R$ 128,80 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, há estabilidade no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e leve alta de 0,2% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.
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