24/02/2025 - 11h15m
Preços da soja sustentados no mercado doméstico
Preços da soja sustentados no mercado doméstico
Os produtores brasileiros estão focados na colheita da soja e, com isso, seguem mais afastados das negociações no spot e/ou evitando comercializar grandes volumes neste momento. Esses agentes estão incertos sobre tendência de preços para as próximas semanas, diante das condições climáticas adversas na Argentina e no Paraguai, que pode limitar a oferta desses países e favorecer as vendas do Brasil. os compradores, por sua vez, também estão cautelosos, adquirindo pequenos volumes para suprir necessidades imediatas. Demandantes esperam que a safra recorde no Brasil resulte em melhores oportunidades de negócios nos próximos dias. Esse cenário sustenta as cotações brasileiras, mas sem grandes choques de variações.
Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta leve alta de 0,4%, cotado a R$ 131,17 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ se mantém praticamente estável (+0,1%) nos últimos sete dias, a R$ 125, 49por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, o preço no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registra recuo de 0,2% e no mercado de lotes (negociações entre empresas), de -0,1%. A desvalorização do dólar frente ao Real, que tende a deixar as commodities norte-americanas mais atrativas aos importadores em detrimento das brasileiras, impede avanços mais intensos nas cotações domésticas.
Os preços dos derivados operam em direções opostas. A firme demanda por óleo de soja deve elevar o esmagamento do grão no Brasil e gerar maior excedente de farelo de soja. Assim, as esmagadoras podem ter desafios para o escoamento de farelo. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o esmagamento de soja deve alcançar um recorde de 57,5 milhões de toneladas em 2025, 3,8% a mais que no ano passado. Deste processamento, devem ser produzidas 11,45 milhões de toneladas de óleo e 44,1 milhões de toneladas de farelo. A Abiove projeta que o mercado doméstico absorva uma maior parcela da produção de óleo de soja no Brasil, estimada em 10,5 milhões de toneladas, 5,3% a mais que o volume consumido em 2024.
Para a exportação, estima-se que some 1,1 milhão de toneladas em 2025, sendo 19,5% abaixo do volume do ano anterior. Quanto ao farelo de soja, a estimativa é de que 19,5 milhões de toneladas sejam consumidas no mercado interno e que 23,6 milhões de toneladas sejam exportadas, respectivos aumentos de 3,7% e de 2% em relação a 2024. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) tem alta de 0,7% nos últimos sete dias, indo para R$ 6.713,89 por tonelada. As cotações do farelo de soja apresentam baixa de 1,4% no mesmo comparativo. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 25,5% da área nacional de soja foi colhida até 16 de fevereiro, abaixo dos 29,4% no mesmo período de 2024, devido aos desafios climáticos.
No Paraná, 33% da área já foi colhida, aumento de 3% em relação ao mesmo período do ano passado. Em Mato Grosso, a colheita atingiu 47,3% da área, abaixo dos 61,3% registrados há um ano. Mato Grosso do Sul também apresenta atraso, com 22% da área colhida, contra 25% no mesmo período de 2024. Em Minas Gerais, 20% da área cultivada já foi colhida, 4% abaixo do volume do ano passado. São Paulo registra apenas 6% da área colhida, significativamente abaixo dos 22% de 2024. Tocantins, por outro lado, tem avanço expressivo, com 35% da área colhida, superando os 20% do ano anterior. No Maranhão, a colheita alcançou 10%, 3% abaixo de 2024. Na Bahia, o ritmo é superior ao do ano passado, com 10% da área colhida, contra 4% no mesmo período de 2024.
Em Goiás, o índice está em 24%, abaixo dos 26% registrados há um ano. Em Santa Catarina, a colheita alcançou 3,9% da área, abaixo dos 5% em período equivalente de 2024. Os contratos futuros do complexo soja seguem em alta. Além do clima adverso em partes da América do Sul, o aumento é reforçado pelas expectativas de maior demanda da China e pela valorização do óleo de soja, que, por sua vez, foi influenciado pela elevação no preço do petróleo. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2025 da soja registra avanço de 1,5% nos últimos sete dias, a US$ 10,45 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do farelo tem alta de 1,1% nos últimos sete dias, indo para US$ 326,28 por tonelada. O contrato Março/2025 do óleo de soja registra alta de 2,2% no período, a US$ 1.041,89 por tonelada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.
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