14/10/2024 - 09h38m
Tendência de baixa nos preços domésticos da soja
Tendência de baixa nos preços domésticos da soja
Previsões indicando chuvas em importantes regiões produtoras do Brasil têm gerado expectativas positivas no mercado de soja em grão, sobretudo diante do ainda limitado ritmo da semeadura da safra 2024/2025. Os negócios, por sua vez, apresentam baixa liquidez, com parte da demanda voltada à soja dos Estados Unidos. As indústrias domésticas estão cautelosas nas aquisições envolvendo grandes volumes, esperando que a possível melhora do clima favoreça a semeadura da nova temporada e pressione as cotações. Os preços estão enfraquecidos. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 0,6%, cotado a R$ 141,38 por saca de 60 Kg.
A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,3% nos últimos sete dias, a R$ 139,35 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços da soja apresentam baixa de 1,1% no mercado de balcão (valor pago ao produtor), mas leve alta de 0,5% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A valorização do dólar frente ao Real limitou o movimento de baixa. A valorização cambial, por outro lado, pesou sobre os contratos futuros. Na Bolsa de Chicago, o contrato Novembro/2024 da soja registra desvalorização de 3% nos últimos sete dias, a US$ 10,14 por bushel. Para o farelo, o contrato Outubro/2024 tem queda de expressivos 4,6% nos últimos sete dias, a US$ 349,98 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja apresenta baixa de 1,8% no mesmo comparativo, a US$ 967,16 por tonelada.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que a semeadura da soja alcançou 5,1% da área nacional até o dia 6 de outubro. Dentre as regiões, a semeadura alcança 22% da área esperada do Paraná; 10%, em Mato Grosso do Sul; 3,7%, em Mato Grosso; 2%, em São Paulo; 1,3%, em Minas Gerais; e 1%, em Goiás. No Paraná, especificamente, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indica que, até o dia 8 de outubro, mais de 95% da área havia sido semeada em Toledo; 70% em Cascavel e 63% em Campo Mourão. Em Mato Grosso, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a região do médio-norte do Estado está à frente das demais, com 3,3% da área semeada, mas expressivamente abaixo dos 20,2% cultivados há um ano. Nos Estados Unidos, de acordo com o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 47% da área com soja foi colhida até o dia 6 de outubro, acima dos 34% há um ano.
Os preços do farelo de soja também estão em baixa no mercado brasileiro, pressionados pelo enfraquecimento na demanda. Além da menor procura internacional, os compradores domésticos sinalizam ter estoques, sendo que algumas empresas indicam ter estoques suficientes para até o final de novembro. Diante disso, o farelo de soja apresenta desvalorização de 0,9% nos últimos sete dias. Os preços do óleo de soja seguem em alta, influenciados pela maior procura, sobretudo doméstica. A disputa entre os setores de biodiesel e alimentício está maior nos últimos dias, o que impulsiona os prêmios e os preços domésticos do óleo. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra alta de 1,1% nos últimos sete dias, a R$ 6.639,60 por tonelada. Tendo-se como base os valores da soja em grão, do farelo e do óleo de soja no estado de São Paulo, a “crush margin” registra avanço de significativos 9,7% nos últimos sete dias, a R$ 557,06 por tonelada. No período, o retorno em relação ao custo da soja foi de 24,11%, contra 21,52% na semana anterior.
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), saíram dos portos brasileiros 6,1 milhões de toneladas da oleaginosa em setembro, 24% a menos que em agosto/2024, cerca de 4,5% abaixo do volume de setembro/2023 e a menor quantidade mensal desde janeiro deste ano. Mesmo assim, na parcial de 2024 (de janeiro a setembro), as exportações de soja somam 89,54 milhões de toneladas, 2,6% acima do volume do mesmo período de 2023 e um recorde. De agosto para setembro, os embarques de farelo de soja diminuíram 15,22%, totalizando 1,75 milhões de toneladas no último mês, a menor quantidade desde março deste ano. Em comparação ao mesmo período de 2023, no entanto, os embarques cresceram 7,8%. Nos nove primeiros meses de 2024, o Brasil escoou volume recorde, de 17,18 milhões de toneladas do derivado, 1,5% a mais que o de período equivalente de 2023.
Os embarques de óleo de soja diminuíram 23,2% de agosto para setembro e 35,8% entre setembro/2023 e setembro/2024, somando 81,16 mil toneladas no último mês. Trata-se, também, do volume mais baixo desde fevereiro deste ano, período em que o Brasil havia exportado apenas 22,6 mil toneladas de óleo de soja. Na parcial de 2024, os embarques de óleo de soja somam 938,26 mil toneladas, 50,28% inferiores aos de período equivalente de 2023 e os menores desde 2020. De acordo com o relatório de inspeção e exportação do USDA, os embarques de soja nos Estados Unidos cresceram expressivos 109,6% entre as duas últimas semanas, totalizando 3,36 milhões de toneladas escoadas de setembro a 3 de outubro de 2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.
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