29/07/2024 - 09h00m
Tendência é de alta nos preços domésticos da soja
Tendência é de alta nos preços domésticos da soja
Os preços da soja em grão estão em alta no mercado brasileiro nos últimos sete dias, consecutivamente, devido às valorizações cambial (R$/US$) e externa, cenário que estimulou as exportações nacionais. A alta é reforçada pela retração dos produtores domésticos em comercializar lotes volumosos da safra 2023/2024, visto que grande parte desses agentes está capitalizada e prefere aguardar melhores oportunidades de negócios ao longo do segundo semestre. Esses produtores estão fundamentados na expectativa de firme demanda externa, sobretudo da China, e na volatilidade do câmbio, devido ao ano eleitoral nos Estados Unidos. Quanto às exportações, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a média diária de embarques de soja na parcial deste mês (15 dias úteis) é de 514,4 mil toneladas, 11,4% superior ao volume diário escoado em igual período de 2023.
Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta expressiva de 3,9%, cotado a R$ 141,35 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra valorização expressiva de 5,3% nos últimos sete dias, a R$ 137,37 por saca de 60 Kg. Ambos os Indicadores estão subindo por sete dias consecutivos. Nos últimos sete dias, as são de 3,7% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 4% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Com base no preço FOB da soja no Porto de Paranaguá (PR) e no dólar futuro negociado na B3, no dia 25 de julho, a paridade de exportação da oleaginosa é de R$ 146,26 por saca de 60 Kg para embarque em agosto/2024 e de R$ 148,70 por saca de 60 Kg para setembro/2024. Os prêmios de exportação para embarque em outubro/2024 começaram a ser negociados na semana passada, a patamares superiores aos de meses anteriores.
Embora os produtores tenham mostrado cautela nas negociações no spot nacional, o interesse nas vendas da safra 2024/2025 está maior. Isso porque os valores para embarques no próximo ano são expressivamente superiores aos negociados no início desta temporada. E, vale lembrar que as estimativas de instituições públicas e privadas apontam safra de soja 2024/2025 recorde no Brasil, o que pode limitar as valorizações caso essa projeção seja confirmada. Assim, com base no Porto de Paranaguá (PR) e no dólar futuro negociado na B3, no dia 25 de julho, a paridade de exportação de soja é de R$ 144,53 por saca de 60 Kg para embarque em fevereiro/2025; R$ 139,99 por saca de 60 Kg para março/2025; R$ 142,92 por saca de 60 Kg para abril/2025 e de R$ 145,37 por saca de 60 Kg para escoar em maio/2025. As cotações de farelo e óleo de soja também registram avanços. Para o farelo, a maior demanda vem do setor de aves e suínos, que mostra interesse em completar seus estoques. O derivado apresenta valorização de 0,8% nos últimos sete dias.
Quanto ao óleo de soja, o impulso é reflexo da maior demanda pelo setor de biodiesel. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra avanço de 3,5% nos últimos sete dias, indo para R$ 6.278,57 por tonelada. No dia 24 de julho, a média foi de R$ 6.323,33 por tonelada, a maior desde 10 de março de 2023. Mesmo com as elevações dos coprodutos, a margem da indústria brasileira é limitada pela valorização da matéria-prima. Tendo-se como base os valores da soja em grão, do farelo e do óleo de soja no estado de São Paulo, a “crush margin” tem baixa de 0,3% nos últimos sete dias, a R$ 531,72 por tonelada. A alta externa está atrelada à maior demanda pela soja nos Estados Unidos. De acordo com o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado no dia 22 de julho, os embarques norte-americanos registraram crescimento de 86,5% entre as duas últimas semanas. Quando comparadas as vendas da última semana com o período equivalente de 2023, o aumento foi de 13,3%.
Entretanto, na parcial desta temporada (de setembro/2023 a 18 de julho/2024), as exportações dos Estados Unidos apresentam queda de 15,6% frente ao mesmo período da safra passada. A valorização externa também se deve às preocupações com o clima quente e seco no Meio Oeste dos Estados Unidos, o que pode prejudicar as lavouras de soja que estão entrando em um período crítico de desenvolvimento. Ainda assim, as lavouras norte-americanas seguem em condições satisfatórias. Até o dia 21 de julho, as lavouras consideradas boas ou excelentes nos Estados Unidos correspondiam por 68%, superior aos 54% em período equivalente de 2023. Em condições médias, estavam 24% das lavouras, abaixo dos 32% há um ano. Em condições ruins e muito ruins, estão 8% das lavouras de soja, ante os 14% no mesmo comparativo. Na Bolsa de Chicago, o contrato Agosto/2024 da soja tem valorização de 1,6% nos últimos sete dias, a US$ 11,16 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja registra alta de expressivos 4,5% no mesmo comparativo, a US$ 388,45 por tonelada. O contrato Agosto/2024 do óleo de soja apresenta recuo 1,4% nos últimos sete dias, a US$ 1.009,93 por tonelada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.