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Tendência de alta nos preços domésticos da soja 

15/04/2024 - 08h43m

Tendência de alta nos preços domésticos da soja 

Tendência de alta nos preços domésticos da soja 

As negociações envolvendo soja estão em maior ritmo no mercado brasileiro, impulsionadas pela maior demanda, sobretudo externa. Esse cenário eleva os prêmios de exportação no País, que voltaram a operar em patamares positivos, o que não acontecia há oito meses. Ressalta-se que a valorização do dólar frente ao Real deixou as commodities brasileiras mais atrativas aos importadores. A moeda norte-americana fechou a R$ 5,08 no dia 11 de abril, o maior patamar desde 13 de outubro do ano passado. Quanto aos prêmios, com base no Porto de Paranaguá (PR), a oferta para embarque em abril/2024 é de +US$ 0,10 por bushel; para o contrato maio/2024, de até + US$ 0,15 por bushel; e, para o contrato junho/2024, de +US$ 0,20 por bushel. Para embarques entre julho/2024 e agosto/2024, os prêmios apresentam altas mais intensas, com ofertas de +US$ 0,38 por bushel e +US$ 0,48 por bushel, respectivamente. Diante desse cenário, os preços da soja estão em alta.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,1%, cotado a R$ 125,63 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 0,4% nos últimos sete dias, a R$ 121,08 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores apresentam alta de 0,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas). No mercado de derivados, as cotações estão pressionadas, devido à cautela de consumidores. Estes agentes relatam ter estoques para médio prazo. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra desvalorização de 1,7% nos últimos sete dias, a R$ 5.143,41 por tonelada. As cotações do farelo têm baixa de 1,1% no mesmo comparativo. As indústrias esmagadoras não mostram grande interesse em comercializar os subprodutos, por conta da valorização da matéria-prima e da dificuldade no repasse para os derivados.

Com base nos preços da soja, do óleo e do farelo negociados no estado de São Paulo, o “crush margin” das indústrias brasileiras caiu 1% entre os dias 4 e 11 de abril, calculado em R$ 414,16 por tonelada. A alta nas cotações da soja em grão no Brasil também está atrelada a dados indicando menor produção nacional. Entre a primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2023/2024 (divulgada em outubro/2023) e a mais recente (divulgado no dia 11 de abril/2024), o corte na safra da soja no Brasil foi de 15,48 milhões de toneladas. Agora, a temporada é projetada em 146,52 milhões de toneladas, 5,2% abaixo do volume colhido na safra passada e 0,23% inferior ao previsto no relatório passado (de março). O estado de São Paulo foi o primeiro a encerrar as atividades de campo da safra 2023/2024 no País, mas foi o mais prejudicado pelo clima: a quebra de produtividade deve ser de 26,1% frente à temporada passada. O segundo Estado com maior quebra de produtividade é o Mato Grosso do Sul, com queda de 19,7% frente à safra passada.

O Estado havia colhido 96% da área semeada até 7 de abril. Os estoques finais da oleaginosa devem somar 2,48 milhões de toneladas em dezembro/2024, quase 10% inferior à estimativa anterior e expressivos 24,7% abaixo da temporada passada. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), por sua vez, segue mais otimista para safra brasileira, mantendo as projeções de colheita em 155 milhões de toneladas de soja. O USDA também manteve a projeção da safra da oleaginosa na Argentina em 50 milhões de toneladas. Neste caso, agentes do setor aguardavam por um reajuste positivo, devido à estimativa de 51 milhões de toneladas divulgada pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Vale ressaltar que 10,6% área já foi colhida na Argentina até 10 de abril. Assim, em âmbito global, a oferta de soja ainda pode ser recorde na safra 2023/2024, projetada pelo USDA em 396,73 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, embora a produção de soja tenha sido menor na temporada 2023/2024, o USDA reajustou os estoques de passagem no relatório de abril, projetados agora para serem os maiores desde a safra 2019/2020, em 9,26 milhões de toneladas da oleaginosa em agosto/2024, sendo 8% superior ao estimado em março e expressivos 28,7% acima do da safra anterior.

Esse reajuste está atrelado à baixa demanda internacional pela commodity norte-americana. As exportações dos Estados Unidos devem somar 46,27 milhões de toneladas de soja nesta temporada (de setembro/2023 a agosto/2024), 1,4% inferior ao previsto em março e 14,9% abaixo da temporada anterior. Na parcial desta safra (até o dia 4 de abril), os Estados Unidos embarcaram 37,59 milhões de toneladas da oleaginosa, volume 18,5% inferior ao de igual período da temporada passada. Diante disso, os preços futuros apresentam queda na Bolsa de Chicago. O contrato Maio/2024 da soja apresenta desvalorização de 1,8% nos últimos sete dias, a US$ 11,59 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja registra recuo de expressivos 4,4%, a US$ 1.014,56 por tonelada. O contrato Maio/2024 do farelo de soja tem avanço 0,6% no mesmo comparativo, a US$ 369,93 por tonelada.

As transações globais seguem estimadas em volume recorde de 173,06 milhões de toneladas, ainda de acordo com o USDA. O Brasil continua liderando as exportações, com a marca histórica de 103 milhões de toneladas estimadas para esta safra (de outubro/2023 a setembro/2024). De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), já saíram dos portos brasileiros 36,7 milhões de toneladas na parcial desta temporada (de outubro/2023 a março/2024), 24,4% acima do mesmo período da safra passada; 78% do volume escoado pelo Brasil teve a China como destino. As importações chinesas são projetadas em 105 milhões de toneladas, 0,48% a mais que na temporada anterior. A União Europeia deve buscar no mercado global 14,3 milhões de toneladas de soja, 3,6% acima do esperado até o mês passado e 8,8% superior à quantidade importada na safra passada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.