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Tendência é de baixa dos preços da soja no Brasil

15/01/2024 - 10h12m

Tendência é de baixa dos preços da soja no Brasil

Tendência é de baixa dos preços da soja no Brasil

 

 

A tendência é baixista para os preços da soja no mercado interno, com o avanço da colheita no Brasil e com as estimativas de produção brasileira acima de 155 milhões de toneladas na safra 2023/2024 – CONAB estimou a safra em 155,3 milhões de toneladas e USDA em 157 milhões de toneladas. Na Argentina, a produção está estimada em 52 milhões de toneladas, 30 milhões de toneladas acima da colheita da safra anterior, mais do que compensando as perdas na safra brasileira. Uma reversão de tendência só ocorrerá se a safra brasileira cair para abaixo das 150 milhões de toneladas. Os preços da soja iniciaram 2024 em queda, voltando a operar nos patamares observados em 2020. Esse cenário está atrelado à desvalorização externa, ao recuo nos prêmios de exportação da oleaginosa no Brasil e à menor demanda internacional, sobretudo da China.

 

Além disso, a pressão também vem de estimativas indicando aumento na produção da América do Sul na safra 2023/2024, embora esses dados contrariem a expectativa de muitos agentes, que acreditam em expressiva redução na oferta, tendo em vista os impactos do clima desfavorável sobre as lavouras brasileiras. Com base no Porto de Paranaguá (PR), o prêmio de exportação de soja para embarque em fevereiro/2024 é ofertado pelo comprador a -US$ 0,60 por bushel. No mesmo período do ano passado, o prêmio da soja para embarque em fevereiro/2023 era de +US$ 0,65 por bushel na compra. Ainda com base no Porto de Paranaguá (PR), a paridade de exportação é calculada em R$ 127,98 por saca de 60 Kg para fevereiro/2024; em R$ 126,15 por saca de 60 Kg, para março; em R$ 127,84 por saca de 60 Kg, para abril; em R$ 130,48 por saca de 60 Kg para maio; em R$ 132,24 por saca de 60 Kg, para junho; e em R$ 134,30 por saca de 60 Kg, para julho deste ano (para estes cálculos, foi utilizado o dólar futuro negociado na B3 no dia 11 de janeiro).

 

Na parcial deste ano, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de expressivos 8,9%, cotado a R$ 129,83 por saca de 60 Kg, o menor desde 17 de agosto de 2020. Vale ressaltar que, em janeiro de 2023, o Indicador Paranaguá operava na média de R$ 177,00 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de significativos 10,7% na parcial deste ano, a R$ 122,20 por saca de 60 Kg, o mais baixo desde 14 de agosto de 2020. Na parcial deste ano, as quedas também são intensas, de 7,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 9,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Quanto ao mercado externo, a desvalorização se deve à menor demanda pela oleaginosa norte-americana.

 

De acordo com o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), saíram dos portos norte-americanos 23,9 milhões de toneladas de soja de setembro/2023 a 4 de janeiro/2024, volume 20,8% inferior ao escoado em igual período da temporada anterior. Na Bolsa de Chicago, as negociações ocorrem nos patamares mais baixos desde dezembro/2021, considerando-se o contrato de primeiro vencimento. Na parcial deste ano, a baixa é de 4,8%, a US$ 12,31 por bushel. Com compradores ausentes, os valores do farelo e do óleo de soja também estão em queda neste começo de ano. Grande parte dos consumidores indica ter estoques para médio prazo e agora prefere aguardar para realizar novas aquisições. Esses agentes têm expectativas de adquirir lotes a preços menores nas próximas semanas, fundamentados no avanço da colheita da matéria-prima. Além disso, com a maior oferta na Argentina, espera-se menor disputa com compradores estrangeiros nesta temporada.

 

De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, da área projetada para o cultivo de soja na Argentina, de 17,3 milhões de hectares, 92,9% haviam sido semeadas até 10 de janeiro. Diante disso, as cotações do farelo de soja apresentam baixa de 4,9% na parcial deste ano. O contrato Janeiro/2024 do farelo de soja registra recuo de significativos 6,4% no mesmo período, indo para US$ 398,37 por tonelada. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra forte queda de 10,8% na parcial deste ano, a R$ 4.992,35 por tonelada. Na Bolsa de Chicago, o contrato Janeiro/2024 do óleo de soja tem avanço de 1,2%, na parcial deste ano, a US$ 1.066,37 por tonelada. A alta externa é influenciada pelo aumento no preço do óleo de palma, devido aos baixos estoques deste coproduto. As expectativas de maior oferta na América do Sul se devem às condições climáticas favoráveis às lavouras de soja na Argentina, país que deve voltar a ser o terceiro maior produtor da oleaginosa na safra 2023/2024, contribuindo para elevar a oferta global de farelo e óleo de soja.

 

O Paraguai também tem ampliado a disponibilidade de soja em grão no mercado global, se posicionando como o terceiro principal exportador da oleaginosa. No Brasil, embora o clima irregular tenha prejudicado o desenvolvimento de algumas lavouras, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ainda projeta produção recorde nesta temporada, em 155,26 milhões de toneladas. Vale ressaltar que os produtores sinalizam baixa produtividade nesta safra, especialmente em Mato Grosso. Agentes da região oeste do Paraná indicam que, embora as primeiras áreas colhidas apresentem produtividade satisfatória, há lavouras com rendimento abaixo do esperado. Com isso, a Conab estima que as exportações brasileiras alcancem 98,45 milhões de toneladas nesta temporada, 3% abaixo do previsto no relatório passado e 3,35% inferior ao volume escoado em 2023. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.