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Açúcar Deve seguir firme apesar de aumento na capacidade de produção.

03/01/2024 - 11h19m

Açúcar Deve seguir firme apesar de aumento na capacidade de produção.

Fontes ; Valor, Datagro, StoneX, Safras e Mercado 

Açúcar deve seguir firme apesar de aumento na capacidade de produção

Várias usinas brasileiras investiram para ampliar produção na nova safra, mas déficit global na oferta continuará a dar sustentação aos preços, dizem analistas

Por Nayara Figueiredo — São Paulo

03/01/2024 05h02  

Diversas usinas do Brasil investiram ao longo desta safra para elevar a produção de açúcar a partir da próxima temporada. Analistas ouvidos pelo Valor calculam que o aumento na capacidade produtiva de 2024/25 pode chegar até 2 milhões de toneladas, mas o movimento não deve abalar os preços.

“Houve um movimento maior não só de construção de novas fábricas, mas também de pequenas medidas por parte de usinas para eliminar gargalos, permitindo aumento marginal na produção de açúcar”, diz o presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari.

Ele acredita que o aumento da capacidade já está precificado, visto que as empresas travaram os preços do produto tanto para a safra 2024/25 quanto para 2025/26. “Se houve alguma pressão de preços, ela já ocorreu “, afirma...

Segundo Nastari, outro fator que influencia o quanto as indústrias conseguirão produzir é o clima. Em casos de excesso de chuvas, a quantidade de sacarose na cana diminui. “Há uma incerteza relacionada à condição climática para a safra 2024/25 e quando as usinas vão retornar a moagem. Se você retorna cedo, também pega um período de rendimento de ATR (açúcar total recuperável) na cana mais baixo”, acrescenta.

Considerando esses fatores, a Datagro estima que a capacidade de produção de açúcar no Brasil poderá aumentar entre 1,5 milhão e 2 milhões de toneladas a partir do próximo ciclo. Em contrapartida, prevê uma relação entre oferta e demanda ainda apertada, com déficit global de 4,1 milhões de toneladas para o ano comercial de 2023/24, iniciado em outubro.

“Embora o preço do açúcar esteja em queda agora [fim de dezembro], o trade flow (fluxo comercial) continuará apertado durante todo o ano de 2024”.

O especialista de inteligência de mercado da StoneX Filipi Cardoso diz que os preços caíram recentemente devido à notícia de que a Índia limitaria a destinação de cana para a produção de etanol. Contudo, ainda não houve um anúncio oficial de que, de fato, haveria mais exportações de açúcar por isso.

“Então, para frente, o mercado precifica muito mais o trade flow apertado devido às quebras de safra asiáticas do que esse superávit no Brasil”, afirma ele, citando problemas nas produções da Índia e Tailândia como os responsáveis pela redução na oferta global.

Afora o aperto global, há gargalos logísticos. Cardoso observa que há expectativa de que o setor embarque mais de 30 milhões de toneladas, o que seria um recorde, mas o porto de Santos (SP) tem tido problemas com filas de navios e tempo de espera muito longo. Soma-se a isso a competição com o escoamento de soja e milho.

“Além disso, nos próximos meses, há uma perspectiva de chuva mais elevada devido ao verão, e o El Niño podendo trazer problemas logísticos nos porto”, diz.

A StoneX projeta que as exportações de açúcar somarão 33,5 milhões de toneladas na safra 2023/24 e 36,4 milhões na próxima temporada. Para a produção, a previsão é 41,9 milhões de toneladas no ciclo atual e 43,2 milhões na nova safra.

Menos otimista acerca das cotações da commodity, o analista da Safras & Mercado Maurício Murici acredita que a oferta de cana em torno de 630 milhões de toneladas no Centro-Sul nesta safra e de até 650 milhões na próxima pode pressionar as cotações.

No mercado de etanol, a previsão é de queda na produção na safra 2024/25, com um total de 25,3 bilhões de litros, o que significa uma redução de 8,9%, segundo projeção da BP Bunge. “O cenário também mostra que o etanol de milho deverá seguir em expansão, compensando parcialmente a redução do etanol de cana”, diz Luciana Torrezan, gerente de inteligência de mercado da companhia.

Cardoso, da StoneX, tem uma projeção semelhante à da BP Bunge para o etanol de cana e acrescenta que o Centro-Sul deve produzir 7 bilhões de litros do biocombustível de milho, um avanço de 16,7%. Com isso, a produção total esperada é de 32,2 bilhões de litros, queda de 2%, porém em um nível considerado ainda elevado.